sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Existem fatores por trás dos detalhes

Difícil mensurar a decepção num jogo assim. Grêmio estava arrasador no primeiro tempo e deixou de matar o jogo. Jogava com uma intensidade gigantesca, tanto que o primeiro chute do adversário foi só aos 31 minutos de jogo. O tricolor estava ainda melhor que no Gre-nal e no jogo contra o Criciúma.

Na volta para o segundo tempo, o Cruzeiro acordou. Colocou a bola no chão e resolveu ditar as regras do jogo. O Grêmio, no entanto, parecia ter voltado do vestiário desatento e acabou por ceder espaços para a equipe do Cruzeiro trabalhar.

Quando o resultado estava ainda 1 a 1, Barcos perdeu um gol de uma forma inexplicável e, por causa disso, recebeu o peso da virada e das críticas da torcida. Embora futebol seja um detalhe, um lance, uma desatenção, é mesquinho de nossa parte culpar um jogador pelo resultado. Existem fatores por trás dos detalhes, dos lances, da jogada. Cruzeiro tem uma qualidade técnica anos-luz maior que a do Grêmio e isso fez uma enorme diferença. É impossível ignorarmos a supremacia técnica deles. No momento que Cruzeiro pôs a rápida troca de passes em prática, entramos na roda. O time de Felipão trabalha num sistema de jogo onde os volantes alternam posições entre si e com Dudu e Luan. Jogam em intensa movimentação, ou seja, na troca rápida de passes do adversário, o meio-campo é pego mal posicionado.

Por mais indignados que estejamos, é inegável que Barcos tem uma importância tática gigantesca. Graças as movimentações inteligentes dele no Gre-nal e também contra o Criciúma que o Grêmio conseguiu a vitória. Ele consegue puxar a zaga em linha e deixar que o volante mais agudo receba a bola quando a defesa está em transição. Méritos dele e de Felipão. Ontem, ele vinha fazendo o mesmo - e muito bem - com Ramiro, Dudu e até Riveros e estava dando certo.

Sim, eu sei que centroavante está lá para fazer gols. Mas vejo o Grêmio, hoje, incapaz de abrir mão dos artifícios que executa para sair os gols (ou seja, essa mudança de posicionamento e função do Barcos). Para sair um gol do Grêmio, há poucas rodadas atrás, tinha que ser rezada a Missa do Galo e mais uns três rosários. Não é por acaso que começamos a deslanchar lá na frente. Existe um porquê atrás deste detalhe, também.

No meu humilde ver, Felipão, tendo ciência do poder técnico deles e percebendo a expressão mais ofensiva deles no jogo, deveria ter colocado os volantes para guardar posição e ter jogado em linhas. Não ter recuado a marcação, mas ter observado a imensa qualidade do outro time e sabido que seríamos envolvidos.

Enfim, a verdade é que o resultado passa por muito mais fatores do que apenas um lance infeliz. O Grêmio permitiu que eles crescessem no jogo. Ademais, nós perdemos para Cruzeiro que é bicampeão brasileiro num trabalho de mais de quatro anos, já o Grêmio... Bem, o Grêmio está ainda buscando formar um time ideal. É fase construção, é preciso ter fé no trabalho, pois com muito empenho, um dia, dará resultado.

Jéssica Cescon Antunes

Chora, pode chorar

A Arena é mais do que nunca a nossa casa! A alma azul celeste está lavada! Não se tratava só de vencer, não se tratava só dos três pontos, era mais do que isso. Era uma questão de honra, de recompensar a torcida, significava recolocar os astros na órbita perfeita que existiu durante 97 anos no futebol da vida do Grêmio. E hoje, superamos na raça, na tática, na camisa e no coração. Esse é o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense que eles ousaram esquecer, esse é o verdadeiro Grêmio!

O semblante dos jogadores ainda no túnel de acesso do estádio refletia que hoje só existiria a vitória. E aconteceu que o Grêmio foi extraordinário. Dudu e Luan jogaram muito mais do que já haviam feito em qualquer outro jogo com a camisa do tricolor. E tu, Alan Ruiz?! Achamos o homem-Gre-nal! DEZ MINUTOS foram suficientes para tu inflamares o jogo! Tu jogas demais, tu foste primordial! Estes jogadores juntos à dedicação dos volantes e à perfeição da zaga tornaram os QUATRO A UM o resultado pertinente à demonstração do time em campo: nós demos um banho de bola. E era tudo que precisávamos, Grêmio. Nosso coração implorava por isso, enquanto eles ficaram a lamentar o chocol4ate!

Ô balancê, balancê! Que amargo se te vé…
E não foi só por lances individuais que ganhamos o jogo: o grande responsável foi Felipão. Ele foi criterioso na formação do time e na personalidade ofensiva e confiante que o Grêmio incorporou. Foi uma vitória como equipe que encheu nossos olhos e fez até o mais entristecido gremista recuperar a honra e o orgulho de ser tricolor.

Os tempos mudaram, meus amigos. Os tempos mudaram!
 Voltamos ao G4 da melhor forma possível, na vaga do rival que gentilmente serviu de flanelinha e guardou nossa vaga. Mas por que eu só escuto chororô? Ô balancê, balancê! Que amargo se te vé, D’alessandro… Desta vez, no te dejam llorar?

Chora!
Não vou ligar
Chegou a hora
Vais me pagar
Pode chorar
Pode chorar
Vou festejar
O teu sofrer
O teu penar
Pode chorar
Pode chorar

Os avanços de Felipão

Com quatro meses de trabalho no comando do Grêmio, Felipão já conquistou a confiança de todos os gremistas, inclusive dos mais desacreditados torcedores. Pautando a reestruturação do time no reencontro com a identidade gremista, o Sr. Bigode promoveu a base e conseguiu aliar o estilo de jogo forte e copero do tricolor à vontade de recolocar o Grêmio no lugar de onde nunca deveria ter saído: o rol dos campeões.

Mas não é só de pensamento mágico que se faz futebol. Embora a mística do Grêmio já tenha virado até os jogos mais improváveis, Felipão sabia que precisava provar muito mais. E começou a provar.
O time bagunçado que figurou na maior parte do ano, passou a ter a defesa menos vazada a partir da aplicação incansável dos jogadores na recomposição tática. Priorizando a defesa, o técnico pentacampeão conseguiu o equilíbrio necessário para repensar a forma de ataque e, a partir da rápida identificação de Dudu com o clube e da experiência de Barcos, Felipão conseguiu aliados leais que passaram a dar a vida em campo. Aos poucos, o time todo passou a fazer o mesmo, de tal modo, que apenas quatro meses depois, o Grêmio encanta quem o vê jogar pela forma brava que joga.

Embora o time não fosse expressivo na técnica, foi com muito empenho que conseguiu alcançar alguns objetivos. Grêmio melhorou na movimentação do meio campo, composto por três volantes carrileros que vão de área à área e alternam posições. Por treinar insistentemente a bola aérea, até gol de escanteio voltou a fazer. Além disso, a mais recente mudança na disposição dos jogadores em campo pôde ser observada de forma mais explícita no Gre-nal, quando Ramiro protagonizou as chegadas ao ataque. Ou seria Barcos o protagonista, que com inteligência ímpar fez o “pivô que volta pra buscar jogo e atrai a zaga” enquanto o volante mais agudo se infiltra pra receber a bola na transição da defesa em linha. Ou seria Dudu, que fez por vezes o lado esquerdo do losango? O confiante Luan? Na verdade, o time todo. O Grêmio é um time de protagonistas, onde todos exercem de forma primordial seu papel.

E, quem diria! Um time taxado como limitado tecnicamente. A verdade é que, até certo ponto, ele realmente é mesmo, mas a vontade e dedicação superam. Talvez, a sina do Grêmio seja mesmo a superação: se não existia muita qualidade técnica, se treina até à exaustão. A persistência se dá bem com o sucesso. E o Grêmio se dá bem com a resistência. Nós nos damos bem com Felipão. Felizes são os gremistas! Os únicos privilegiados com um time que tem o dom da superação.
Persistimos, tricolores! Deus está reservando algo melhor para o Grêmio.

sábado, 4 de outubro de 2014

MÃO NA BOLA OU BOLA NA MÃO? TU QUE ESCOLHES, JUIZÃO!



Assim como todas as outras regras do futebol: É AQUILO QUE O JUIZÃO ESCOLHER! Quase cinquenta mil pessoas assistiram mais uma algazarra da arbitragem pra cima do Grêmio, na Arena. Mais um ano que eu vejo um campeonato sendo marcado pela péssima arbitragem brasileira. E ainda tenho que ler que é a melhor do mundo? Que querem parar campeonato porque não aguentam mais reclamações dos clubes? E o gremista, que não aguenta mais estar nas mãos de tanta incompetência, pode parar o campeonato também?
 
Estava acontecendo um bom jogo, com muitas chances de gols dos dois times, afinal, São Paulo tem no plantel um verdadeiro timaço. Mas o mau de 80% da arbitragem brasileira é esse, eles precisam ser os protagonistas do jogo. Não pode ser uma jogada do Dudu, não pode ser um lance do Kaká, não. Tem que ser a péssima condução do jogo, a visão grossa ante a expulsão de um jogador que já cometeu 6 ou 7 faltas na partida. Tem que ser a mão que está longe do corpo e desvia a trajetória da bola por duas vezes na partida - uma delas que seria pênalti. Tem que ser o impedimento mal marcado. Gente!!! Impedimento marcado de passe que foi do jogador adversário, ou seja, impedimento de recuo! Pode isso, Arnaldo?

Regras do futebol que são completamente subjetivas, ou seja, tudo fica a cargo da interpretação do juiz, então, para que elas existem? Podemos assistir dois jogos seguidos desse campeonato e veremos, no mínimo, três lances iguais com interpretações diferentes. Espera aí, como é que vamos assegurar que será feito o justo se não existe um padrão a ser seguido? É um tanto estranho, para não dizer um modo de arbitrar que deixa lacunas para “vistas grossas”. Ou é incompetência? Tanto faz, ambas são uma vergonha!

Árbitros pleiteiam junto à CBF melhorias na remuneração, carga-horária, instrução. Perfeito, devem exercer seus direitos. E o torcedor pleiteia o seu de querer um jogo justo, de não ver seu time sempre cair na arapuca da regra que permite inúmeras interpretações diferentes. Curioso, dessa forma, que ela nunca é interpretada favorável ao Grêmio. Embora há quem culpa as falhas na criação pelo resultado do jogo, as deficiências do time jamais justificarão uma péssima arbitragem.

Aliás, tu, Grêmio, há anos és a vítima da injustiça, que esse ano veio com tudo pra cima de ti. Não adianta, no país da vista grossa, daquele campeonato que não te excluírem, vão te roubar. Tens que persistir, velho Grêmio. É um tempo de inversão de valores, de interpretações equivocadas de regras. É um tempo de vergonhas!

Jéssica Cescon Antunes.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Pensamento mágico?

Com o empate contra o Flu, Grêmio chega à marca de 722 minutos sem levar gol e está há 8 jogos sem perder. Esses números são reflexos da consolidação de um sistema defensivo encaixado e harmônico, principalmente na zaga. Embora os números do nosso ataque não sejam destaque, no jogo de ontem – e vale dizer, ao contrário dos últimos – foram criadas muitas chances de gols que pararam na trave ou no juizão. É evidente, então, que o Grêmio preza e dá uma atenção quase que totalmente focada ao sistema defensivo e graças a isso estamos no G4. Mas seria tudo isso fruto de um pensamento mágico? Vivemos uma ilusão?

Pelo contrário, Felipão monta um time muito ciente de sua realidade que busca primeiramente sua estabilidade defensiva para depois atacar. Não é um futebol envolvente, mas é um futebol realístico. Formou uma zaga coesa e isso também reflete no ótimo desempenho da muralha Grohe, pois o bom desempenho de um goleiro está atrelado à sua confiança na defesa. Nosso técnico sabe os limites do time e criou um esquema voltado para tanto. Grêmio, dependente dos três volantes, tem na recomposição tática o fator determinante para que se mantenham aqueles números da defesa. Dudu, que joga agudo pelas pontas, executa essa função com enorme determinação: é o jogador que mais se dedica nesse dever e incansavelmente defende a lateral do lado em que atua, ajudando a anular os ataques por ali.

Bem, há quem diga que atacante é feito para marcar gols. Eu concordo, desde que não haja deficiência de peças no setor defensivo. Melhor dizendo, vejo o esquema de pontas, hoje, como uma adaptação necessária do futebol, principalmente do brasileiro, para suprir uma carência de bons laterais. Zé Roberto sai muito melhor que a encomenda, mas Grêmio precisou improvisar esse jogador porque é uma posição a qual apresenta escassez de jogadores no mercado. Fazendo-se, assim, necessária a priorização da recomposição tática por esses meias-atacantes e esse modo de jogo, obviamente, pode afetar nosso ataque. E isso acontece principalmente pelo fato de não contarmos com um meia de criação capaz de dar qualidade ao passe, tendo que designar um volante para essa função, que no caso de ontem, pela maior parte do tempo, foi Ramiro.

Dessa forma, vejo Dudu como um jogador importantíssimo nesse esquema, lembrando que ele inverte lados do campo. Na inversão de lado, quem voltou para recompor foi Luan (e depois foi Fernandinho), mesmo que ele tenha atuado mais pelo meio-campo. Mesmo assim, no jogo de ontem, não faltaram chances de gol. Inclusive, nota-se uma dificuldade maior na criação de jogadas quando o Grêmio joga em casa, talvez seja pela pressão do resultado positivo, ou porque fora de casa é mais lógico que o outro time ceda espaços. O que nós, torcedores, precisamos ter ciência é que o Grêmio joga da forma que pode e que no momento o foco é mesmo a defesa. Não tem nem porquê achar outra coisa, é graças a isso que estamos no G4.

Grêmio encontrou um jeito de sobreviver e ele tem sido ideal para almejar a disputada vaga para Libertadores. Ainda há muitas coisas que precisam melhorar, como a finalização, por exemplo. Mas hoje, o Grêmio joga dentro da realidade e isso não tem nada de mágico, mas pura competência de Felipão. Ele definitivamente entende de Grêmio. Retifico, portanto: é um verdadeiro sentimento mágico.
Vamos, Tricolor!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Guerra Fria

Fomos feridos na alma. Nosso gremismo exacerbado sintetiza-se no orgulho em vestir a camisa tricolor, pois hoje, eles feriram nossa história. Tatuaram nossos feitos, nossos ídolos, nossas conquistas, marcaram à ferro e fogo a paleta do Grêmio perante o mundo todo: os impiedosos inquisitórios venceram.

Num julgamento onde o contraditório e ampla defesa foram meros enfeites, a decisão já parecia ter sido tomada, uma vez que o exagero na interpretação da norma, concomitante à sede de retaliação se fantasiou de “decisão de caráter pedagógico” para cravar no símbolo do Grêmio o rótulo racista. Fato que causa dano irreparável à imagem do Grêmio e que coloca em risco a segurança dos torcedores tendo em vista que só inflama ainda mais o “clamor social” quando ele é ratificado por julgamento tão desproporcional.

Mais parecia um longa hollywoodiano no Supremo Tribunal Universal das Galáxias. Uma sentença que encontra respaldo na maior parte da mídia esportiva é fácil de proferir, para não dizer satisfatória: é o Grêmio, aquele time odiado por todos, a bola da vez. Arrasaram o Grêmio e, junto dele, o torcedor de bem. Os maus elementos que não se dignaram nem a preservar o clube no último jogo quando entoaram um canto que levava a palavra “macaco”, vão se importar com sansões que o clube vai sofrer? Devem estar a comemorar! Pedagogia estranha essa do STJD, onde maus não estão nem aí pra lição.

Entretanto, a noite é sempre mais escura antes do amanhecer. Se os bons são a gigantesca massa de gremistas, é a hora de nos fazer valer. Transformemos a decepção em revolução e recomeço. Que seja colocada em prática a nota oficial do clube em relação à Geral do Grêmio, que sejam afastados os que prejudicam incansavelmente o clube. Que seja proposta uma verdadeira caça a qualquer manifesto que ofenda a imagem do clube, a honra dos jogadores, dos torcedores e do povo gaúcho quando jogarmos fora de casa. Que filmem os jogos, que se exija mesma pena. Marquemos gols no tribunal contra nossos adversários diretos. Que a cada grito ou cântico daqueles que já estamos cansados de ouvir, o time simplesmente pare o jogo e exija que se reporte na súmula. Se travaram uma batalha, instauraremos a Guerra Fria e olha que entendemos de uma peleia. Só não podemos consentir!

Não há tempo para lamentos. Ainda vai levar um tempo para comemorarmos alegres de novo, almejarmos títulos, rirmos da escalação. Mas o melhor remédio para a decepção é a vitória e ela só acontece com um clube fortalecido pelo apoio de seus torcedores e mais do que nunca, o Grêmio precisa se levantar. Nesse momento que o mundo está contra ti, Grêmio, sobreviva.

domingo, 10 de agosto de 2014

Em cada experiência se aprende uma lição: o Processo de Scolarização começou.

Estou arrasada. Como é horrível perder Gre-Nal. Perder vários, então, é insuportável. A revolta da torcida é compreensível pois ela sente como se a história do Grêmio fosse manchada a cada derrota para o time de vermelho. É um somatório dos anos sem títulos com as derrocadas nas fases finais das competições.

Entretanto, o jogo de ontem nos mostrou uma perspectiva diferente. Ultimamente, vínhamos perdendo o Gre-Nais taticamente, por mérito de Abel, por ingenuidade de Enderson, principalmente aquele dos 4x1. Com Felipão, Grêmio deteve o domínio do meio-campo. Escalando três volantes que a torcida não esperava, ele surpreendeu também Abel. Walace jogou muito bem, comprovou o que vinha sendo falado dele. Assumiu a responsabilidade e, junto ao Fellipe Bastos e Rodriguinho, anulou a criação de D’alessandro e Aranguiz.

Grêmio jogou num 4-2-3-1. Postou os três volantes de forma perfeita e colocou Giuliano para triangular com Dudu e Barcos. Este, vale lembrar, desde o último jogo do Grêmio sob comando de Enderson, não joga mais de pivô, consequentemente tem rendido e aparecido muito mais para o jogo. Ramiro foi bem na lateral, já tinha jogado assim no Juventude e Pará fez sua parte defensiva.

O único erro, ao meu ver, foi na escalação. Werley já havia sido sacado do time pelas frequentes falhas em gols sofridos no primeiro semestre, quase todos pelo mesmo motivo, sua desatenção - pra não dizer insistência - em marcar a bola. Isso aconteceu de novo. Ele tomou bola nas costas num cabeceio no primeiro poste, o que me levou a fazer tal pergunta: “ele estava marcando quem: Fabrício que ia cruzar, a linha do campo ou a bola?” Erro amador. Nossa defesa vinha bem, Geromel rendia mais a cada jogo, não havia dúvidas, já tem tempo que Werley não cabe mais no time titular.

Outro fator a se considerar além da disposição tática e a inteligência na cobertura dos espaços pelos volantes, foi a entrega do time em campo. Percebi um time muito aguerrido, lutador, não desistindo da jogada. E essa compilação de inteligência tática ao observar a forma de jogo do adversário e o futebol aguerrido com cara de Grêmio é o que eu vou chamar de “Processo de Scolarização”. Esse processo tem apenas uma semana de trabalho e já foi possível perceber a melhora no posicionamento das peças de meio e um time com vontade de vencer. É promissor e me passa confiança.

E foi por causa desse processo que fomos superiores na maior parte do jogo. Terminamos o primeiro tempo com 51% de posse de bola, jogando retrancado, na casa do adversário. Na verdade, isso só parou de acontecer depois de levarmos o primeiro gol. Então, foi necessário mexer na escalação e na postura em campo. A mudança de esquema aconteceu com a entrada de Fernandinho, jogando pela ponta esquerda. O segundo gol foi uma consequência da necessidade do empate, designando aos defensores que fossem à área tentar o gol. Perdemos por uma falha individual num jogo em que o Grêmio jogou muito melhor.


A derrota, por óbvio, nos entristece, mas é necessário saber analisar o jogo deixando de lado nossas mágoas. Estamos diante de um Processo de Scolarização que se inicia e começa a tomar forma. E como não acreditamos em “pensamento mágico”, sabemos que é preciso trabalho contínuo de Felipão até que se consiga solidificar um time, uma estratégia e uma filosofia de jogo.

Que o Gre-Nal nos una mais um vez

Quando nascemos somos destinados a escolher o time pelo qual torceremos pelo resto de nossas vidas. Essa escolha determina nossa cor preferida, nossa forma de torcer, nosso estilo de apreciar futebol. Sofremos influências de todos os lados, mas na maioria das vezes somos fadados a torcer para o time de nossos pais. No meu caso, aprendi primeiro o que era futebol antes de fazer a escolha de um time. Fui privilegiada com um pai que, na minha mais tenra infância, me mostrou o campo e a bola, e logo, a camisa tricolor e as taças. Já nasci campeã de tudo, muito antes de um outro clube aí banalizar essa expressão.

E foi o amor em comum pelo futebol que me fez ser tão ligada ao meu pai na infância. Eu realmente fui a todos os campeonatos e estive presente em todas as fotos do time campeão de meu pai. Ele era um orgulho pra mim, um centroavante nato, de força física e talento. Uma pena o olheiro do Damião não tê-lo visto jogar, tenho certeza que ele sim teria ido para o Tottenham. Tudo bem, o destino tinha outros planos para ele e um deles era me ensinar além da essência do futebol, o time para qual eu torceria, os meus princípios, meus valores e, com o tempo, me tornar essa pessoa de caráter moldado ao dele. Lembro de estar com ele junto às bandeiras, com uma camisa tricolor maior que eu, para comemorar a Libertadores de 95 lá na rua, enlouquecidamente. Eu tinha apenas 4 anos. Ali, aprendi uma das maiores emoções. Eu também lembro do fatídico Gre-Nal dos 5x2 em que perdemos. Eu tinha 6. E como sempre acontecia nas derrotas, minhas lágrimas escorriam em silêncio. Ele me olhou e rindo disse: “calma, nem sempre podemos vencer, logo tem outro jogo e as coisas podem mudar”. E ali, aprendi uma das piores emoções.

Porém, com o tempo as coisas mudaram. Meu fanatismo alcançou níveis que nem ele imaginaria e o dele diminuiu. Talvez, porque sou uma sonhadora que vive no fantástico mundo do positivismo do futebol e ele, realista, obviamente não. Com o tempo nos afastamos, embora não fisicamente, já não somos mais aquela dupla implacável. Já não temos a mesma leitura do jogo, nem as mesmas opiniões táticas. Não temos mais a mesma opinião de vida, nem os mesmos objetivos. Almejamos coisas diferentes para mim, principalmente. E para piorar, eu insisto em desapontá-lo em tudo que ele espera de mim. “Não vou ser advogada pai, vou ser policial. Ou técnica do Grêmio. E se tudo der errado, vou morar na praia e viver da pesca”. Talvez por eu repetir as palavras que ele não gosta de ouvir é que hoje conversamos muito pouco. O jeito dele retranqueiro 3-5-2 de três volantes bate de frente com meu jeito 4-3-3 de ver a vida. E aos poucos, noto que pouco temos em comum a não ser o time para o qual torcemos.


E a vida nos afastou de alma embora as duas sejam tricolores. Estamos tão perto e ao mesmo tempo tão longe. A parceria do futebol se desfez. As minhas medalhas de artilheira não estão mais juntas as dele. E hoje, mesmo que eu quisesse repensar, já fiz minhas escolhas. E ele, bem... ele parece meio sem tempo para conciliar. Mas hoje escrevo-lhe estas mal traçadas linhas porque é um dia especial: é dia de Gre-Nal. Porque se há algo capaz de unir nossas energias é a vontade de vencer um Gre-Nal. E que se me falta coragem de dizer o que penso a ele, hoje a emoção será mais forte quando nos abraçarmos na hora do gol. 


Feliz dia dos pais, pai. De quem apesar dos pontos de vista diferentes, vê em ti um exemplo de vida.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O Grêmio mais temido ressurge

Em meio às mais diversas especulações da imprensa de todo Brasil, o nome que todos descartaram foi o escolhido: Luiz Felipe Scolari. Felipão agora é Grêmio e, com ele, Fábio Koff contratou uma massa de torcedores inteira.

Embora a aceitação da torcida tenha sido imediata, cartolas feat comentaristas do futebol foram uníssonos: “Felipão está defasado”, “Depois de levar 7x1, Felipão assume o Grêmio”. A insistência em rotulá-lo como uma má contratação tem sido tanta que me pus a pensar, mas logo foi fácil entender: a fusão Grêmio-Felipão revive as alegrias dos gremistas e reabre as feridas dos rivais. É compreensível esse desespero em diminuir um vencedor. É uma fusão que refresca a memória de quem já havia começado a esquecer o futebol de raça do clube mais aguerrido do Brasil. Felipão no Grêmio significa, acima de tudo, uma identificação completa com a história e personalidade gremista e gaúcha. É um encontro de almas.

Mas além da velha identificação com o clube, Felipão e Grêmio têm um desejo em comum: ressurgir. Dois multicampeões contestados, diminuídos, “ultrapassados”. Felipão quer mostrar pra os críticos que ainda é um grande entendedor de futebol. Grêmio tem time para brigar por título e agora traz consigo um técnico com capacidade de tornar isso real e com sede de provar isso para todo mundo. Esse é o motivo de Grêmio-Felipão ter impactado tanto no Brasil, porque relembram a força do Grêmio, tremendo as pernas até do mais cético comentarista de futebol. São 11 títulos que os unem, o renascimento de nossas esperanças é simplesmente inevitável. Não há como falar do futebol brasileiro sem lembrar do Grêmio que motivava a todos com um futebol de força, de garra, de alma. Esse era o desejo do torcedor, a volta de um Grêmio que luta sobretudo pela honra, agora um tanto pisoteada pelos campos afora.

Grêmio, atualmente, tem se modernizado em relação ao futebol. Além de softwares que permitem uma análise minuciosa do rendimento dos jogadores, Koff iniciou parcerias com outros clubes com foco nas categorias de base. Também há projetos de expansão da marca Grêmio, ou seja, o Grêmio não parou no tempo e Felipão em união com o clube estará preparado para exercer um trabalho eficaz e de grande conhecimento no futebol atual.

Desse modo, por mais diversas que sejam as teses dos doutrinadores do futebol brasileiro, o gremista sabe que, enfim, é chegada a hora de acreditar. Porque o técnico das grandes conquistas voltou. O responsável pela vergonha do gurizinho em contar para os coleguinhas que torcia pro Inter voltou. E o time mais aguerrido do Brasil voltou. O Grêmio mais temido ressurge.

domingo, 20 de julho de 2014

A vitória veio com mais do mesmo

Depois de quatro jogos, Grêmio volta a balançar as redes e junto ao gol vieram os três pontos, logo dos pés de Giuliano, um jogador que traz, além do bom futebol, a motivação para embalar o time. Porém, apesar de a vitória ter sido alcançada, ela não foi satisfatória: Figueirense mostrou-se bastante inconsistente e, pela superioridade gremista, principalmente na meia cancha, é que o torcedor esperava um placar maior.

O Grêmio soube envolver o Figueirense no meio campo e consequentemente determinou o ritmo de jogo na maior parte do tempo – a posse de bola foi 58% tricolor, mas continuamos a perceber a dificuldade do ataque em trabalhar as jogadas e criar situações reais de gol.

Conforme meus últimos dois textos frisaram, é preciso mudar algo no ataque ou na forma de jogo. Falei do Barcos, em como ele não estava conseguindo ser eficiente e, mais do que isso, empacando as jogadas velozes. Dessa vez, vou além: nossas peças não conseguem efetuar as funções que o esquema atual de pontas exige. Quando a bola chega até um dos dois pontas, nosso time passa a ser facilmente marcado. Isso ocorre pela rara passagem dos laterais ou volantes à linha de fundo – algo vital no esquema 4-2-3-1 e quando ocorre, o cruzamento é muito defeituoso. E isso não acontece só com nosso lateral carismático do moicano descolorido, não. O cruzamento ruim já é uma característica negativa do time. Além disso, e correndo o risco de me tornar repetitiva, volto a dizer que o pivô que Barcos faz na entrada da área só dificulta a criação das jogadas, uma vez que ele dificilmente acerta o domínio da bola – é uma fase ruim do pirata. O esquema atual exige movimentação e passagens paralelas de jogadores, laterais ou volantes, e a não-execução desses quesitos torna o time previsível e marcável.

Vimos o time bastante evoluído no meio campo após a parada para Grêmio-temporada. A melhora na organização e na movimentação dos meias faz necessário enfatizar a evolução no desempenho de Alan Ruiz, provando que só precisava estar em forma para mostrar seu potencial. E ainda contamos com o talento de Giuliano. Logo, é analisando esses fatos que acredito que tornará o time muito mais produtivo jogar num 4-4-2. Aproveitando a velocidade de raciocínio dos nossos meias, a qualidade de seus passes poderia e seria mais explorada nesse esquema; da mesma forma, a mudança de função do centroavante. Hoje o time está adestrado a jogar buscando tabelas com Barcos, que tem passado em branco há muitos jogos. É chegada a hora de parar de insistir em algo que não tem rendido e propiciar mudanças táticas que favoreçam nossos jogadores mais velozes a desenvolver suas jogadas em vez de enforcá-los na marcação. Um esquema mais simples pode privilegiar também a saída de bola, outra dificuldade do tricolor.

Por fim, acredito que esse elenco pode brigar pelo título, embora faça-se necessário adequar o esquema conforme os jogadores que vêm numa boa fase. É preciso marcar mais gols e fazer o ataque render já que defensivamente estamos bastante seguros.

Grêmio, logo existo.